quinta-feira, 27 de setembro de 2012

MINHA VISITA AO PE. ZEZINHO – SCJ PADRE JOÃOZINHO, SCJ




Muitas pessoas me perguntam como está a saúde de Pe. Zezinho, scj, que na semana passada sofreu um AVC isquêmico provocado pela diabetes. Hoje tive a oportunidade de visitá-lo. Encontrei-o forte e bem disposto. Seu ânimo está ótimo, apesar de conviver com alguns limites que ficaram do acidente vascular que sofreu. Naturalmente isso exige que ele permaneça sob atenta supervisão médica. As visitas estão restritas para que ele tenha condições de repousar e seu organismo encontre os caminhos naturais para compensar as habilidades que ficaram comprometidas. E quais seriam exatamente estes limites? O AVC não atingiu nenhuma função motora. Pe. Zezinho se movimenta e alimenta normalmente. Porém, não poderá dirigir por algum tempo e deverá, por prudência, andar acompanhado. Imagine que ele percebeu que algo estava acontecendo quando dirigia pelas ruas de São Paulo. Um confrade ao perceber isso o levou imediatamente para os médicos que o acompanham há anos, em São José dos Campos. Pe. Zezinho permanece com sua habilidade e incrível criatividade musical inalterada. Está compondo belas melodias. Mostrou-me uma delas assoviando. Gravei. Sua maior dificuldade é pronunciar algumas palavras e articular as frases com a habilidade que conhecemos deste que é reconhecidamente um dos maiores comunicadores da Igreja Católica. Tem progredido na superação deste limite. Mas só o tempo poderá dizer a velocidade da recuperação. Sua leitura é lenta, mas compreende exatamente o que lê. Fala com coerência de ideias mas não é capaz de cantar de memória nenhuma de suas canções. Difícil imaginar que algum católico não cante decor “Maria de Nazaré”. Pois o autor da canção neste momento não tem condições de fazer isso. Outro limite bastante curioso é que ele lembra de todas as pessoas e sabe exatamente quem são e o que fazem, mas não é capaz de lembrar seus nomes. Durante todo o tempo em que estive com ele não pronunciou meu nome. Aos poucos este lapso de memória parece estar sendo superado. Perguntei se ele está tendo novas e geniais ideias, dessas que diariamente partilha comigo e com outros confrades. Ele me falou de uns cinco projetos novos e de coisas que pensou nos últimos dias. Mas não consegue digitar nada disso em seu computador. Mais um limite. Ele mesmo interpreta este momento como sua participação na cruz de Cristo. Fiquei edificado pela coragem e determinação como que ele enfrenta tudo isso. Em nenhum momento manifestou tristeza ou lamento. Seu horizonte continua sendo a esperança. Foi ferido em um ponto do tamanho da cabeça de um alfinete em seu cébrebro, mas seu coração continua do tamanho do mundo, como sempre. Ao final da visita fiz um teste. Estou devendo vários capítulos de um livro que estamos escrevendo juntos. A parte dele está pronta. Perguntei se eu estava devendo alguma coisa. Ele respondeu de supetão: “Vê se escreve logo os capítulos que você prometeu que os meus estão prontos”. Esqueceu os nomes, mas lembra muito bem das dívidas!
Pe. Joãozinho, scj

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