sexta-feira, 27 de abril de 2012

CONHECENDO A PALAVRA DE DEUS


O APOCALIPSE
Apocalipse é uma palavra que vem do grego. Quer dizer revelação. O Apocalipse nasceu de uma visão que João teve de Jesus.
Cheio de visões estranhas, o Apocalipse é um livro misterioso muito procurado pelo povo. Foi escrito em uma época de perseguição aos cristãos em torno do ano 95, no fim do primeiro século. Leia Ap 12,13.17; 13,7; 2,3-4. Ele é uma resposta de Deus àquele povo aflito e perseguido. Deus revela ao povo o seu plano de salvação, etapa por etapa. Esclarece o povo e desmascara a falsa propaganda do Império.
O Apocalipse é uma mensagem de conforto e esperança para um povo em crise e qualquer interpretação do Apocalipse feita para meter medo no povo ou aumenta-lhe o desânimo é errada e falsa. João expressa tudo por meio de visões e símbolos para encorajar o povo na luta e, ao mesmo tempo, defendê-lo dos opressores: “Quem tem algo a comunicar, o fazde um jeito que só os companheiros de luta o entendem, os outros não” (Ap 14,3). Dizer abertamente que o Império Romano era o grande inimigo a ser combatido podia dar prisão. Deus manda ser bom, mas não bobo! As visões recorrem ao que o povo conhecia. Por isso, o Apocalipse está repleto de imagens e símbolos do Antigo Testamento. A energia do passado vai acordando dentro do povo que recupera a memória perdida e descobre a Boa Nova dentro dos acontecimentos. As visões transportam o povo para perto do trono de Deus (4,2-11) e mostram como Deus, lá do alto, sereno e firme, comanda a luta contra a injustiça e a opressão. Apesar de difícil, a luta já está ganha (14, 9-12; 17,14).
Eis a explicação de alguns símbolos para facilitar a sua compreensão do Apocalipse:
01.   A mulher grávida (12, 1-2): é o povo de Deus, Maria, gerando o Messias, o Libertador.
02.   Dragão ou serpente (12,3.9): é o poder do mal que opera no mundo, o satanás.
03.   Sete cabeças (12,3): são as sete colinas da cidade de Roma (17,9), ou sete reis (17, 9-10).
04.   Dez chifres (12,3): chifre é sinal de poder ou de rei (17,12); dez indica totalidade.
05.   Besta-fera (13,1): é o império romano, o poder que encarna o mal; capanga do dragão.
06.   Besta-fera com aparência de cordeiro e voz de dragão (13, 11): são os falsos profetas.
07.   Pantera, urso, leão (13,2): símbolos de voracidade e de exploração.
08.   Cordeiro (14,1): é Jesus, cordeiro pascal cujo sangue opera a libertação do povo.
09.   Babilônia (14,8; 18,2): é Roma que explora os povos para se enriquecer (18, 3.9-13).
10.   Filho do Homem (14,14): imagem de Jesus Messias, tirada do profeta Daniel.
11.   Harmaguedon (16, 16): símbolo da derrota dos exércitos inimigos, tirado de Zc 12,11.
12.   Lago de fogo (20,14): símbolo do destino de tudo que se opõe ao plano de Deus.
13.   Segunda morte (20, 14): é a morte da própria morte. No fim, só vai sobrar a vida!
14.   Núpcias do cordeiro (21, 2; 19,9): vitória e festa final da união de todos com Deus.
15.   Alfa e Ômega (21, 6): primeira e última letras do alfabeto grego; princípio e fim.

João Sabe que o seu livro vai encontrar resistências, interpretações variadas e até opostas. Por isso, ele faz algumas recomendações finais. Leia Ap 22, 6-21 e siga-as!
Espero que, lendo o Apocalipse, você descubra a boa Nova da chegada de Deus que vem para libertar. “Feliz o que lê e os que escutam as palavras desta profecia, se praticarem o que nela está escrito, pois o tempo está próximo” (1,3).
(Josselene Marques)

Obs.: Estudo bíblico feito especialmente para o jornal Anuncia-me (RCC), nº 03, ano I, setembro-1990, tendo como fonte o livro “Esperança de um povo que luta (O Apocalipse de São João uma chave de leitura)” do frei Carlos Mesters.

Carlos Mesters (Bunde (Limburgo), 1931) é um frade carmelita holandês, missionário no Brasil desde 1949. Sacerdote desde 1957, doutor em Teologia Bíblica, é um dos principais exegetas bíblicos do método histórico-crítico no Brasil. Vive no Convento do Carmo de São Paulo.

MESTERS, Carlos. Esperança de um povo que luta. O Apocalipse de São João. Uma chave de leitura. 7a ed. São Paulo, Paulus. 1983. 82 p.
Nesta obra o autor compartilha conosco as informações deixadas por João, ao longo das páginas do Apocalipse. Essas informações nos são apresentadas como chave de leitura para este livro que, naturalmente, desperta a curiosidade de muitas pessoas.

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